Poucos autores brasileiros são tão atemporais quanto Machado de Assis. Em cada releitura, sua obra parece conversar novamente com o presente, revelando nuances e críticas que seguem surpreendentemente atuais. Entre seus romances mais marcantes, Quincas Borba se destaca por unir ironia, filosofia e uma observação aguda da natureza humana.
Nesta nova edição, publicada pela editora Vitrola, o leitor reencontra Rubião, um homem simples que herda a fortuna e a filosofia de vida do excêntrico Quincas Borba. O que parecia um golpe de sorte se transforma em uma jornada de ilusões e desencantos, na qual a genialidade de Machado se manifesta com toda a força: Rubião se vê enredado em jogos de poder, paixões e manipulações, até perder a razão diante da própria ambição humana.
O romance é um mergulho na teoria do Humanitismo, filosofia fictícia criada por Machado que parodia os ideais positivistas e evolucionistas do século XIX. Segundo essa doutrina, viver é sobreviver a qualquer custo, e apenas quem age em benefício próprio alcança a verdadeira felicidade. É nesse cenário que o autor desmonta, com ironia fina, as certezas da sociedade burguesa e o falso moralismo de sua época. Assim, Quincas Borba é a história de um homem à beira da loucura e, ao mesmo tempo, uma reflexão sobre a fragilidade da razão e a crueldade de um mundo movido pelo egoísmo.
Publicado originalmente em 1891, o livro consolidou Machado de Assis como o principal representante do Realismo no Brasil, movimento literário que se opôs ao Romantismo, propondo uma visão mais crítica e racional da vida. O Realismo buscava retratar a sociedade com verossimilhança, questionando os valores da época e expondo as contradições humanas. Esse olhar objetivo, aliado ao estilo irônico e à sutileza psicológica de Machado, fez de Quincas Borba uma obra essencial para compreender o Brasil do fim do Império e do início da República, período marcado pela ascensão do positivismo ¾ movimento que inspirou o lema da bandeira nacional, Ordem e Progresso.
A força da narrativa ultrapassou o papel. Em 1988, o diretor Roberto Santos adaptou o romance para o cinema, com um filme exibido no Festival de Gramado, que reafirmou o poder visual e simbólico da trama. Desde então, Quincas Borba também inspirou peças de teatro, séries e produções televisivas, reforçando sua presença constante na cultura brasileira.
Quincas Borba integra uma trilogia informal de Machado de Assis, iniciada com Memórias Póstumas de Brás Cubas e concluída com Dom Casmurro. As três obras compartilham um mesmo universo literário, no qual personagens, ideias e ironias se entrelaçam, criando um retrato multifacetado da alma humana e da sociedade carioca do século XIX.
A nova edição da Vitrola celebra esse legado com um projeto gráfico moderno e capa exclusiva, que dialoga com o espírito do clássico sem abrir mão da contemporaneidade. O texto, cuidadosamente revisado e contendo notas de rodapé explicativas, foi pensado para novos leitores e colecionadores que desejam redescobrir Machado de Assis em sua melhor forma.
O lançamento é uma homenagem ao olhar machadiano — crítico, humano e irresistivelmente atual. Porque, mais de 130 anos depois, sua famosa frase continua tendo o mesmo peso e a mesma ironia: “Ao vencedor, as batatas.”
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