Em 2025, o estado do Rio Grande do Sul celebra 150 anos da imigração italiana, um marco que moldou a cultura, a economia e a identidade nacional. Os primeiros imigrantes italianos chegaram em massa ao país no final do século XIX, fugindo da instabilidade na Itália. Muitos se estabeleceram na região Sul, especialmente na Serra Gaúcha, onde fundaram colônias que deram origem a cidades como Cotiporã, anteriormente chamada de Monte Vêneto. Esse período histórico, permeado por desafios, preconceitos e lutas pela sobrevivência, está presente no primeiro romance do autor gaúcho Uili Bergammín Oz, lançado pelo selo Vitrola Fic: A pedra do mundo, uma obra que entrelaça ficção, suspense e história.
A chegada dos italianos foi motivada por uma crise agrária e política em sua terra natal. No Brasil, foram direcionados principalmente para o trabalho em lavouras cafeeiras no Sudeste e para a colonização da Serra Gaúcha. Apesar das promessas de terra e prosperidade, os imigrantes enfrentaram condições adversas, desde o trabalho exaustivo até o preconceito por sua cultura e idioma. Durante a Segunda Guerra Mundial, essa hostilidade atingiu seu auge, com a proibição do uso do talian (dialeto vêneto) e perseguições contra descendentes de italianos. Esse trauma coletivo reverbera na trama de A pedra do mundo, em que o protagonista, Guido Polidori, é marcado pela perda do irmão na guerra e parte em uma jornada de autoconhecimento e descoberta.
Cotiporã, cercada por morros e vinhedos, é palco de tradições preservadas por gerações, mas também de memórias de tempos difíceis. Foi nesse cenário que Uili encontrou inspiração para seu romance, que reflete o impacto da imigração, as marcas deixadas pela guerra e a busca por identidade e redenção. O romance é um resgate histórico e emocional da trajetória dos imigrantes italianos e seus descendentes na Serra Gaúcha.
A busca de Guido pela enigmática pedra simboliza a busca de um povo por identidade, pertencimento e redenção. A narrativa mescla elementos de suspense, espiritualidade e crítica social, mostrando como resquícios do passado continuam sendo sentidos no presente. Neto de imigrantes italianos, o autor construiu a obra a partir de memórias familiares, de uma profunda pesquisa e de um olhar sobre a identidade gaúcha e suas cicatrizes.
Os 150 anos da imigração italiana no Rio Grande do Sul são um momento para reflexão sobre a resiliência de um povo que moldou regiões inteiras do nosso país. Assim, A pedra do mundo é um testemunho literário dessa história e revisita emoções e desafios vividos por toda uma geração, fazendo o leitor refletir sobre identidade e o que significa pertencer a um lugar. Se você ainda não conferiu essa obra tão especial, adquira já seu exemplar e descubra como o passado pode iluminar nosso presente e também o futuro.